terça-feira, 28 de outubro de 2008

A CULTURA DA PAZ


Bom dia Pesssoal, como ando meio sem palavras parta com vocês, abaixo segue um texto do espírito Angelo Ignácio escrito pelo médium Robson Pinheiro, falando nos um pouco sobre a cultura da paz, o texto é bem reflexivo e n os faz pensar e muito.

Desejo a vocês uma ótima leitura e uma excelente semana. Beijos e abraços



A cultura da paz

A paz é uma condição de não-violência em relação aos indivíduos, instituições ou nações. Pode-se dizer que é um estado de harmonia, não conflituoso, entre opostos. Nesse estado, não há identidade absoluta de idéias, ideais ou formas-pensamento.

Contudo, existe respeito às diferenças, às inúmeras maneiras de pensar, crer ou agir. Num ambiente pacífico, valoriza-se a liberdade de consciência e de expressão a ponto de transcender a simples quietação entre as partes.

O respeito às diferenças, que promove a paz e a sustenta, faz com que as pessoas — que, por mais afinadas, jamais pensam e acreditam exatamente da mesma maneira — vejam-se não como adversários; talvez como pólos complementares, fruto da diversidade e da riqueza da vida. Sem dúvida os membros das comunidades humanas são mais do que máquinas fadadas a agir e pensar de modo idêntico, programado.

Como método de manifestação da cultura da paz, a não-agressão e a concórdia podem ser das maneiras mais elegantes de se lhe revelar, embora nem sempre as partes envolvidas estejam de acordo com o pensamento um do outro. Ou seja, a cultura da paz não implica acatar tudo o que se diz ou que se fala, escreve ou publica, mas impera entre os pacificadores uma lei não escrita de respeito mútuo. Essa ética, pela qual se pauta o Homo pacificus, impede que os opostos se convertam, automaticamente, em inimigos ou adversários. Podem-se abraçar convicções distintas sem transformá-las em elementos de dissensão; pode-se discordar do outro sem denegrir sua imagem. Compreende-se que é possível difundir idéias ou lutar em âmbito filosófico, fazendo apologia da sua visão de uma verdade relativa, sem transformar o outro em rival ou inimigo declarado.

Sob a visão da espiritualidade, ao analisar os eventos históricos de todos os tempos, identificamos alguns tipos psicológicos diretamente ligados à cultura da paz ou à disseminação da guerra. E não falo apenas da disputa entre nações, sobretudo refiro-me ao estado de conflito interno, inclusive entre indivíduos que — ao menos se supõe — deveriam se respeitar, por se dedicarem à mesma bandeira, à mesma causa.

Nesse caso, destaca-se aquele que sustenta e incentiva a paz, defendendo muitas vezes nobres ideais, mas que, contraditoriamente, espalha a guerra e transforma o campo de exercício do pensamento em arma para denegrir a imagem alheia. Consciencialmente, ele se mistura aos que estão em grave crise evolutiva; sua atitude denota a não-tolerância de qualquer outra face da verdade, de uma forma diferente de buscar a verdade ou, ainda, analisando de uma maneira mais abrangente, de nenhuma outra visão de espiritualidade.

Em meio aos representantes do maior pacifista da história humana, Jesus, parece ser dos lugares onde a paz é menos compreendida, ainda não vivida. O estado de não-violência às vezes soa apenas como fachada. Tão logo surja alguém que pense, fale ou escreva algo inusitado, que possivelmente apresente uma visão mais real, progressista e menos romântica da vida e da espiritualidade… é o suficiente para que a situação de harmonia desapareça. Esvai-se o cessar-fogo das palavras e agressões, que imediatamente chega ao fim. Vêm à tona as trocas de gentilezas, que destilam o veneno da agressividade verbal e dificilmente não descambam para o ataque pessoal.
Consola-nos o fato de que caminhamos todos, os seres vinculados ao planeta Terra, para maior compreensão e vivência da paz. Também provoca-nos satisfação saber que existem aqueles que são capazes de apresentar seu ponto de vista, aprender e viver por vias alternativas à guerra individual, filosófica ou verbal, tornando-se assim instrumentos evolutivos de grande sintonia com a cultura da paz.


Somente o cultivo fervoroso da paz consegue estabelecer entre irmãos de humanidade condições de viver em harmonia, com vigência de valores éticos e respeito às diferenças. A paz promove a existência e a sobrevivência dos opostos com alto grau de produtividade intelectual e emocional, uma vez que o contraste entre ambos se afigura apenas como mola propulsora de progresso em busca de uma expressão mais ampla da vida, da verdade, independentemente de que lado esteja essa mesma verdade.

É hora de modificar a cultura da guerra, dominadora da maioria dos seres vinculados à Terra. A reciclagem dos valores humanos acumulados ao longo dos milênios é de grande urgência, pois, diante dos tempos novos que devem-se estabelecer no mundo, precisamos, os espíritos ligados à política divina e crística, conquistar a superação das rivalidades pessoais. Só assim se poderá trazer ao mundo a renovação real e não apenas fruto de ideações religiosas ultrapassadas. A demolição do estado interior de agressão e agressividade faz com que a paz se estabeleça definitiva. A paz íntima e consciencial, com o natural respeito e a compreensão pelo direito do outro de pensar, falar e agir de forma diferente da nossa, traz o selo da aproximação, da solidariedade, do entendimento e da responsabilidade mútua. Eis o que fomenta o progresso e desmilitariza o mundo íntimo, desarmando o espírito humano para viver mais plenamente um estado concreto de pacificação.

Ângelo Inácio (espírito)
Psicografia de Robson Pinheiro

Robson Pinheiro é autor de Tambores de Angola e Senhores da escuridão, ambos do espírito Ângelo Inácio, entre mais de 25 livros. Fundou e dirige a Sociedade Espírita Everilda Batista, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, MG, e faz o programa Além da Matéria na Rádio Boa Nova.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

AMOR


O AMOR É DEUS, DEUS É AMOR, VIVAM EM AMOR

Data: 13/04/2005 – Ocasião: encerramento de um Retiro Espiritual para jovens, realizado durante as
Festividades de Vishu1 - Local: Prasanthi Nilayam

Deus é amor e o amor é Deus. Quando se firmarem neste princípio de amor e desenvolverem relacionamentos mútuos de amor, alcançarão o estado onde não existe dualismo.
(Poema em Télugo)

Manifestações do Amor Divino!

Vocês vieram até aqui para participar desta conferência com muitas expectativas. Embora sua estadiam em Prasanthi Nilayam tenha sido curta, as experiências que viveram foram profundas, conforme descreveram em seus depoimentos. Entretanto, vocês merecem muito mais.

O dia em que todos os devotos se reúnem e cantam a glória de Deus em doces melodias;
o dia em que os sofrimentos dos pobres são amorosamente aliviados
e todas as pessoas vivem como irmãos e irmãs;

o dia em que os grupos de servos do Senhor, que constantemente estão na Sua contemplação são servidos em um banquete suntuoso;

o dia em que as nobres almas nos visitam e narram as amorosas histórias de Deus,
desfrutem deste dia como um dia verdadeiro.

Todos os outros nada mais são do que aniversários de falecimentos.
Nada mais preciso dizer, ó almas nobres!
(Poema em Télugo)

Manifestações do Amor Divino!

Nesta conferência vocês discutiram inúmeros aspectos, tais como deveres e responsabilidades dos jovens e como eles deveriam moldar o seu caráter. Deixem que todas as suas atividades sejam repletas de amor. Os jovens modernos falham em compreender o verdadeiro significado do amor. Ele não pode existir se houver um sentimento de dualidade. O Amor Divino, que é Único, é o verdadeiro amor.
Relacionamentos baseados em dar e receber não refletem o verdadeiro espírito do amor. A pessoa deve doar-se continuamente sem esperar nada em troca. Este é o verdadeiro amor.

A atitude de fuga em momentos difíceis é um sinal de amor egoísta. O verdadeiro amor somente reinará supremo quando vocês desistirem do egoísmo e se esforçarem pelo bem-estar dos demais. Vocês devem perceber a diferença entre a Matéria e a Realidade que transcende a matéria. Em verdade, tudo isto é o Absoluto! Considerem tudo como divino e tratem as dualidades da vida, tais como a dor e o prazer, a perda e o ganho, com equanimidade. O indivíduo deve permanecer inabalável diante da felicidade e da tristeza, da conquista e da perda, da vitória e da derrota. Jamais se deixem levar pela inconstância da mente. Quando seguem a mente, só enxergam matéria, não vêem a realidade. A mente se relaciona com o que é material e vocês não devem ter nada a ver com a matéria. Enquanto se mantiverem associados com a mente, não serão capazes de visualizar a unidade. Não poderão desenvolver amor e devoção verdadeiros a não ser que desistam da dualidade.

Manifestações do Amor Divino!

Compreendam que o mesmo princípio de amor existe em vocês e nos demais. Um verdadeiro devoto é aquele que compreende o princípio da unidade e age de acordo com ele. O não-dualismo é a verdadeira devoção. Compartilhem seu amor com os outros sem qualquer expectativa. Amem a todos somente por causa do próprio amor. Quando dedicam seu amor aos demais, conseguem chegar até o estado do não-dualismo. O amor que experimentam no plano físico e mundano, dia após dia, não é o verdadeiro amor de maneira alguma! Amor verdadeiro é aquele que se mantém focalizado em uma só forma, uma só meta, um só destino. É um grande engano dividir o amor e desviá-lo em diferentes direções. O amor é Deus. Deus é amor. Vivam em amor. Só assim poderão reconhecer o princípio da unidade e cumprir o propósito da vida. Prema Mudita Manase Kaho Rama Rama Ram…Vocês podem escolher o nome que quiserem, mas devem chamar por Ele com todo amor. O amor é o que há de mais sagrado, doce e isento de dualidade.

É um grande equívoco dividir esse amor, associando-o com a multiplicidade. Seu amor deve permanecer firme no prazer e na dor. Amor e devoção não dão lugar a diferenças. Todas as diferenças são produtos de suas mentes. Desenvolvam o sentimento de unidade, de que Eu e vocês somos Um. Não pensem, jamais, que Eu e vocês somos diferentes. Este é o sinal da verdadeira devoção.

O pronome “Eu” indica a unidade. “Você” – a identidade individual – não existirá mais quando vocês desenvolverem pureza e experimentarem a união com a Divindade. Por esta razão, desistam dos sentimentos dualistas. O princípio da unidade deve ser experimentado por meio do amor, pois não pode ser explicado em palavras. Porém, vocês não entenderam o verdadeiro sentido do amor, interpretando-o de modo físico e mundano. Como conseqüência seu amor jamais se firma; permanece o tempo todo em mutação. O amor não deveria ser poluído pelo apego ao corpo. Este é feito de matéria e tudo que for relativo à matéria jamais lhes dará paz e felicidade. Por esta razão, transcendam a matéria e vejam a realidade. Desenvolvam o sentimento de unidade. Todos são um, seja o mesmo com todos. É um grande erro atribuir sentimentos mundanos ao amor. Não há lugar para o dualismo no amor.

Manifestações do Amor Divino!

Seus nomes e formas são diferentes, mas o princípio do amor é o mesmo em todos. Esta é a razão pela qual Me dirijo a vocês como “manifestações do Amor Divino”. O amor é sempre único e não deve ser dividido. Considerem Deus como único e ofereçam seu amor a Ele de todo o coração. Esse amor totalmente concentrado em Deus pode ser considerado como a verdadeira devoção. Devotos como
Jayadeva, Gauranga e Eknath6 desenvolveram esse amor divino e santificaram suas vidas. Da mesma maneira, Mira e Sakhubai tinham por Deus, um amor e devoção inabaláveis. Todos eles não adoravam vários Nomes e Formas; seguiam um caminho só. Instalaram um Nome e uma Forma em seus corações e contemplaram incessantemente a forma de Deus que escolheram. Aqueles cuja mente é dual e que mudam de caminho de vez em quando estão se arriscando a arruinar suas vidas. Por isso, não deixem
que sua mente seja dualista. Experimentem a Divindade com sentimento de Unidade. Vocês podem escolher qualquer Nome de que gostem, como Rama, Krishna, Eswara, etc. e contemplar aquela forma.

Com certeza atingirão a meta da vida. Levem suas vidas com a mente sempre focalizada na meta.

Certo dia, Radha não conseguia encontrar Krishna em parte alguma. Como ela era profundamente apegada à forma física de Krishna, saiu em Sua procura por toda parte. Ela ansiava o tempo todo pela proximidade física de Krishna. O nome e a forma são a mesma coisa mas as pessoas são incapazes de investigar em profundidade para experimentar essa unidade.

O poder do amor não tem paralelo. Está além da capacidade humana de entendimento. O amor só pode ser compreendido por meio do amor. Rana, o marido de Mira, construiu um templo para Krishna. Sendo uma grande devota do Senhor, Mira estava sempre no templo, em êxtase, cantando Sua Glória. Como conseqüência, ela atraiu a ira do marido, que ordenou que se retirasse do santuário. Isto foi um grande choque para Mira. Ela pensou consigo: “Se Krishna permeia tudo e não está confinado a este santuário apenas, como Rana poderia pensar em me manter longe Dele?” Ela abandonou tudo e partiu para Mathura. Onde fica Mathura? Não se trata de uma localização geográfica. O coração repleto da doçura do amor é Mathura. Ela cantou: “Ó mente! Vá até a confluência dos rios Ganga e Yamuna.” Aqui, os dois
rios simbolizam ida e pingala, as narinas esquerda e direita. O ponto central entre as sobrancelhas, onde as duas narinas se encontram é Mathura. Este é o significado esotérico da canção. Ela se dirigiu a Mathura cantando o Nome de Krishna sem cessar, cruzando rios, colinas, vales e florestas. Quando, finalmente, alcançou Brindavan, ela encontrou as portas do templo fechadas. Apesar de suas repetidas preces, as portas não se abriram. Então, ela exclamou: “Ó Krishna! Meu coração é o Seu templo, em cujo altar eu O instalei!” Golpeando sua cabeça contra as portas e clamando por Krishna, ela teve uma visão de Krishna e fundiu-se com Ele. O rei Rana arrependeu-se de haver expulsado Mira e orou a Krishna por Seu perdão.

As pessoas de hoje em dia não se interessam em saber o significado interior de certas palavras que usam. Elas se deixam levar pelos significados e interpretações mundanas. Vocês devem considerar os sentimentos que emergem de seus corações, que são verdadeiros e eternos. Foi assim que Mira experimentou a unidade com Krishna. Se alguém deseja trilhar o caminho da devoção, deve apegar-se firmemente ao princípio do amor. Os mortais comuns não têm uma determinação tão firme assim, mas um verdadeiro devoto jamais se desvia do caminho do amor sob nenhuma circunstância.

Nenhum outro meio, exceto o amor, pode nos levar a Deus. Desenvolvam o amor cada vez mais. Onde quer que estejam, o amor é o seu único refúgio.

Manifestações do Amor Divino!

Encham seus corações de amor e deixem-no ser o princípio que guiará todas as suas atividades quando regressarem a seus lares. Quando têm amor no coração não precisam se preocupar com o que quer que seja. Deus estará sempre com vocês, em vocês, à sua volta, cuidando de tudo. Quando declaram: “Krishna, eu O seguirei,” isto significa que Krishna está separado de vocês e que é possível que se percam no caminho. Portanto, devem dizer: “Krishna, por favor, esteja sempre comigo.” De fato, Ele está
sempre em vocês. Quando investigarem profundamente, experimentarão esta verdade. É impossível estarem afastados Dele. Muitos devotos proclamam: “Ó Deus, eu estou em Ti, estou Contigo e existo para Ti.” Repetem essas palavras como papagaios, mas não as dizem desde as profundezas de seus corações. Na verdade, Deus jamais está separado de vocês. Orem a Ele de todo o coração, com a convicção de que Ele está sempre dentro de vocês, com vocês, acima, abaixo e em torno de vocês. Quando oferecerem assim as suas preces, Ele certamente trará a redenção às suas vidas.

Temos ainda mais um dia pela frente. Eu explicarei tudo isto em detalhes, a fim de que compreendam melhor. Não se sintam satisfeitos com aquilo que experimentaram até agora. Há muito mais a ser vivido, que encherá seus corações de bem-aventurança. Como podem dizer que sua fome foi saciada, tendo comido tão pouco? Há muito mais à sua espera, para que experimentem a Divindade em toda a sua totalidade nos dias que virão.

Traduzido a partir do original em inglês constante da página da Organização Sai da Índia: www.srisathyasai.org.in
Niterói, 13 de maio de 2005

terça-feira, 21 de outubro de 2008

O PENSAMENTO DE GURDJIEFF


Bom dia pessoal, como vocês vão? Eu vou bem, só que hoje me encontro sem expiração, então resolvi colocar os pensamentos de Gurdjieff, baixo segue um pouco da sua história e alguns de seus pensamentos:

GURDJIEFF, G. I. (1877?–1949), Georgii Ivanovich Gurdzhiev, mestre espiritual greco-armênio que permanece uma figura enigmática e uma força crescentemente influente no panorama contemporâneo dos novos ensinamentos religiosos e psicológicos.

Assemelhando-se mais com a figura de um patriarca Zen ou de um Sócrates do que com a imagem familiar de um místico Cristão, Gurdjieff era considerado, por aqueles que o conheceram, simplesmente como um incomparável “despertador” de homens. Ele trouxe para o Ocidente um modelo abrangente de conhecimento esotérico e deixou atrás de si uma escola que incorpora uma metodologia específica para o desenvolvimento da consciência.

Pelo termo consciência Gurdjieff compreendia bem mais do que percepção e funcionamento mentais. De acordo com ele, a capacidade para a consciência requer uma combinação harmoniosa das distintas energias da mente, do sentimento e do corpo, e é somente isto que pode permitir que atuem no Homem aquelas influências superiores associadas a certas noções tradicionais como nous, buddhi ou atman. Desde esta perspectiva, o Homem tal como se encontra é realmente um ser inacabado, guiado inconscientemente pelo seu condicionamento automático sob o poder dos estímulos externos. A ampla variedade dos métodos de Gurdjieff pode, em sua totalidade, ser compreendida como o ferramental para se alcançar a consciência de si e os atributos espirituais de um “Homem real”— isto é, vontade, individualidade e conhecimento objetivo. Estes métodos e seu ensinamento sobre a evolução do Homem se entrelaçam com uma vasta rede de idéias cosmológicas apresentadas em seus próprios escritos e no livro Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido de P. D. Ouspensky (New York, 1949).

Durante sua vida, apesar dos relatos sensacionalistas da imprensa escritos sobre ele nos anos vinte, Gurdjieff era quase desconhecido fora de seu círculo de seguidores. No entanto, a partir dos anos cinqüenta, suas idéias começaram a se difundir através da publicação de seus próprios escritos e do testemunho de seus alunos. Seu excepcional caráter pessoal, especialmente seu talento único para utilizar cada circunstância da vida como um meio para ajudar seus alunos a sentir a verdade completa sobre eles mesmos, deu origem a numerosos relatos enganosos que por muitos anos obscureceram a integridade de suas idéias. Hoje em dia, porém, o ensinamento de Gurdjieff já emergiu para fora desse ambiente de rumor e insinuações para ser reconhecido como um dos mais penetrantes ensinamentos espirituais dos tempos modernos.

Gurdjieff nasceu em Alexandropol, no sul da Transcaucásia russa. Seu pai era grego e sua mãe armênia. Excepcionalmente dotado, ainda rapaz ele foi favorecido com tutores da Igreja Ortodoxa e precocemente preparado tanto para o sacerdócio quanto para a medicina. Convencido de que a linha do conhecimento esotérico perene ainda estava preservada em algum lugar, ele deixou o meio acadêmico para se engajar numa busca por respostas definitivas. Por cerca de vinte anos (1894–1912) ele perseguiu sua busca—principalmente na Ásia Central e no Oriente Médio—pelo cerne das tradições antigas. Este capítulo de sua vida permanece um mistério, embora os eventos significativos sejam contados em sua narrativa autobiográfica Encontros com Homens Notáveis.

Em 1913 Gurdjieff apareceu em Moscou com um ensinamento totalmente desenvolvido e começou a organizar a seu redor grupos de alunos oriundos principalmente da intelligentsia. A partir deste momento os contornos de sua vida podem ser traçados mais claramente. Tanto o escritor russo P. D. Ouspensky quanto o compositor Thomas de Hartmann descrevem a continuidade de seu trabalho durante os tempos difíceis da Revolução bolchevique e a viagem que ele e seus seguidores fizeram ao Cáucaso (1917), daí a Constantinopla (1920) e finalmente a Fontainebleau, França, ao sul de Paris, onde, em 1922, ele foi capaz de estabelecer em bases mais firmes seu Instituto para o Desenvolvimento Harmonioso do Homem no Prieuré d’Avon.

A doutrina e os métodos experimentais do instituto rapidamente atraíram muitos dos principais artistas e intelectuais da Inglaterra e dos Estados Unidos, que vieram para se encontrar com Gurdjieff e eventualmente trabalhar com ele. A maioria deles, como Maurice Nicoll, Jane Heap, e Katherine Mansfield, tinha sido introduzida ao ensinamento por A. R. Orage, o notável crítico e editor da The New Age, e por P. D. Ouspensky.

No começo de 1924, Gurdjieff fez sua primeira visita aos Estados Unidos, acompanhado por um numeroso grupo de alunos, onde, principalmente em New York, ele realizou uma série de apresentações públicas de seu trabalho sobre as danças sagradas. Sua meta era mostrar os princípios esquecidos de uma “ciência dos movimentos” objetiva e demonstrar o papel específico desta ciência no trabalho de desenvolvimento espiritual.

No verão de 1924, após um acidente automobilístico quase fatal, Gurdjieff decidiu reduzir as atividades de seu instituto e o círculo de seus seguidores, e assegurar o legado de suas idéias em forma escrita. Em 1934 ele já tinha completado as duas primeiras séries de seus escritos e parte da terceira. Durante este período ele manteve contato com seus alunos mais antigos, retornou duas vezes aos Estados Unidos (em 1929 e 1933) e se estabeleceu definitivamente em Paris.

Em 1935, Gurdjieff retomou seu trabalho com grupos, assistido por Jeanne de Salzmann, sua discípula mais próxima, que mais tarde foi responsável pela continuação do seu trabalho. Embora fosse exigida de seus seguidores uma extrema discrição, os grupos se expandiram continuamente na França, mesmo durante a guerra, e incluíram figuras destacadas da literatura, arte e medicina, tais como René Daumal, Kathryn Hulme e P. L. Travers. Após a guerra, a família internacional de alunos de Gurdjieff reuniu-se novamente em torno dele. Ele fez sua última visita à América em Dezembro de 1948 e, apesar de doente, continuou seu trabalho intensamente até sua morte em Paris, em 29 de outubro do ano seguinte.

Relatos de Belzebu a Seu Neto, publicado em inglês pela primeira vez em 1950, é sua obra-prima, uma visão ampla, panorâmica e sem precedentes de toda a vida do Homem na Terra, tal como vista por seres de um mundo distante. Através de uma alegoria cósmica e sob o disfarce de anedotas digressivas e elaborações lingüísticas provocativas, ela transmite o essencial do ensinamento de Gurdjieff. Encontros com Homens Notáveis, publicado em 1963, conta a estória da juventude de Gurdjieff e sua incessante busca de conhecimento. Originalmente Gurdjieff pretendia completar sua trilogia com uma série final intitulada A Vida Só É Real Quando “Eu Sou”; o manuscrito, no entanto, nunca foi completado, e parte dele se perdeu. A parte restante, em forma bruta e fragmentada, foi publicada em 1981. Gurdjieff Fala a Seus Alunos, publicado em 1973, é uma coletânea de palestras proferidas por Gurdjieff e registradas por seus alunos nos anos vinte. Gurdjieff também deixou uma considerável quantidade de música, composta em colaboração com Thomas de Hartmann. Parte desta música foi usada para acompanhar os movimentos e as danças sagradas, que constituíram uma parte essencial do ensinamento de Gurdjieff e foram documentadas e preservadas por seus alunos.

O trabalho específico e a pesquisa correlata propostos por Gurdjieff têm sido sustentados e expandidos sob a direção de seus alunos, através de fundações e sociedades na maioria das principais cidades do mundo ocidental. Alguns outros grupos também têm aparecido, os quais, embora não conectados com seus alunos, pretendem seguir Gurdjieff ou ter alguma relação com seu ensinamento.


~ • ~
Este ensaio foi publicado previamente na Enciclopédia da Religião, 16 Volumes, Mircea Eliade, editor-chefe, New York: Macmillan, 1987. Tradução para o Português: por Sociedade para o Estudo e Pesquisa do Homem–Instituto Gurdjieff, Rio de Janeiro, Brasil. Em 13 de Novembro de 2001.



Pensamentos:



"A sociedade humana que conhecemos demonstrou mais do que suficientemente que é hostil à natureza".

"Em regra geral, o que é necessário para despertar um homem adormecido? É necessário um choque".

"A maioria dos homens vive no sono. Dorme completamente ausente. Quase nunca estamos conscientes de nós mesmos".

"Para despertar é preciso uma conjunção completa de fatores. Um homem sozinho nada pode fazer".

"A vida nunca está perfeitamente adaptada, mas tende para a adaptação perfeita".

"Não é a primeira vez na história, que a consciência humana é obrigada a passar de um plano para outro".

"O homem novo já vive entre nós! Ele está aqui. Mas ele não é para salvar, ele é para mudar".

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Sathya Sai Baba


Bom dia Pessoal, como estão vocês? Eu vou bem.

Hoje apresento a vocês Sathya Sai Baba, uma figura impresssionante, que ensina através de belas palavras, espero que gostem.


A melhor maneira de conhecer Sathya Sai Baba é praticando seus ensinamentos.
Um pequeno esforço nesse sentido irá permitir que experimentemos a Verdade de sua mensagem.

Basear-se no relato dos outros pode ser bom, mas somente a vivência pessoal irá frutificar no Amor que Baba nos inspira a descobrir.

Conforme diz Sai Baba,

"O amor não age com interesses; o egoísmo é falta de amor.
O amor vive de dar e perdoar e o egoísmo vive de tomar e esquecer."


Sua vida é um exemplo de amor desinteressado. Ele costuma afirmar "minha vida é minha mensagem".

O que podemos ver de sua mensagem em sua vida?
Com relação às religiões, Sai Baba diz:

"Deixem que existam diferentes religiões, deixem que floresçam, deixem que a glória Divina seja louvada em todos os idiomas do mundo. Respeitem as diferenças entre religiões e reconheçam-nas como válidas, sempre que estas diferenças não tratem de extinguir a chama da irmandade do homem e a paternidade de Deus."

No ashram de Sathya Sai Baba, onde ele reside, no Sul da Índia, são comemoradas festividades como o Natal, o dia de Krishna, o dia de Buda, o dia das Mães, entre outras.

Ao redor de um guia espiritual, naturalmente se reúnem aqueles que querem obter experiência e conhecimento - este local, onde habitam o guia e os aspirantes, denomina-se ashram, na Índia.

No Natal, Sai Baba fala sobre a mensagem de Jesus e nos ensina sobre sua vida, com a ênfase no amor e na unidade que Jesus promovia e praticava.

No dia de Krishna, Sai Baba narra episódios em que as ações de Krishna exemplificam a conduta amorosa e sábia com a qual lidava com as situações.

Na ocasião comemorativa de Buda, Sai Baba nos explica a essência dos ensinamentos de Buda, como o cultivo das qualidades superiores pela quietude e silêncio, mas principalmente a atitude da não-violência em ação, pensamento e palavra.

No dia das Mães, assim como no dia das mulheres - e Baba estabeleceu o dia 19 de todos os meses como dia das mulheres - Sathya Sai louva o feminino nos recordando do amor maternal como manifestação mais tangível do supremo Amor divino. Um destaque muito grande é dado às virtudes e responsabilidades das mulheres que, enquanto mães, estarão educando a futura humanidade.

Com relação à educação, Sathya Sai Baba é bastante claro:

"A verdadeira finalidade da educação é a formação do caráter."

Em função de sua proposta educacional centrada nos Valores Humanos universais da verdade, paz, não-violência, amor e retidão, Sathya Sai conduziu a construção de escolas e universidades, atendendo a moças e rapazes desde o jardim da infância até o nível superior.

São obras que impressionam por sua beleza e dimensão, mas cujo valor principal não pode ser visto com os olhos, por ser a conduta de seus estudantes, voltados para o serviço à sociedade, trabalhando voluntariamente com alegria e amor.

Como cultivar essas qualidades nos jovens e crianças?
Por que esses estudantes estão felizes em ajudar aos outros, sem querer nem exigir nada em troca?

A vida do próprio Sai Baba é o maior exemplo inspirador, pois é uma vida de total dedicação à melhoria de condições físicas, mentais e espirituais dos seres humanos, ali na Índia e em todo o mundo.

O que o faz agir assim? O que faz os estudantes cultivarem o mesmo espírito solidário?

Conforme ensina Sai Baba, e o demonstra em suas ações, isso só é possível com a remoção da ignorância básica de que somos indivíduos separados e isolados, através do conhecimento superior da Verdade fundamental de que somos uma unidade, interligados, totalmente conectados.

Esta sabedoria é o alicerce de todas as virtudes. Quando eu sei que o que faço ao outro, estou fazendo a mim mesmo, inevitavelmente estarei fazendo o melhor bem possível a todos. Se não tenho a sabedoria mais elevada, holística e transcendental da unidade de toda vida, estou iludido em meu egoísmo, agindo maleficamente com o outro, por não perceber que somos como células de um corpo só.

É este conhecimento fundamental que, ensinado desde cedo por educadores que amam seus alunos, naturalmente germina em seres humanos que trabalham felizes pelo bem de todo.

Discurso:

DISCERNIMENTO E DESAPEGO

Data: 22/07/58 – Ocasião: Viagens - Local: Prasanthi Nilayam

Vocês estão todos de pé a céu aberto ao longo da estrada e alguns até subiram nas árvores; é realmente cruel para Mim falar-lhes por muito tempo. Mas apesar de toda esta inconveniência, vejo que vocês anseiam por ouvirem Minhas palavras e devo satisfazer-lhes. Bem, o ser humano é divino, aceitem Me tomem como exemplo; ele está aqui realmente em uma missão sagrada, por um propósito divino. Considerá-lo medíocre, fraco ou pecador é um grande engano. Isso é por si só um pecado. O
homem deve merecer o que é seu direito inato, ou seja, a paz interior. A inquietação é para ele um estado não-natural. Sua verdadeira natureza é a paz. Para recuperar esta herança de paz, o homem tenta vários métodos: acúmulo de riquezas, manutenção da saúde, domínio do conhecimento, cultivo das artes. Mas estes não são fundamentais. Três necessidades básicas ainda permanecerão depois que
todos estes métodos tiverem sido tentados: a necessidade da realidade, da luz e da imortalidade.


Apenas quando a Existência, a Luz Divina e o Néctar Divino são ganhos, é que a paz se estabelecerá.

É inútil envolverem-se em argumentações e disputas; aqueles que esbravejam ruidosamente ainda não alcançaram a verdade, acreditem em Mim. O silêncio é a única linguagem daquele que é conhecedor da verdade. Pratiquem a moderação na fala. Isso os ajudará de diversas maneiras. Isso desenvolverá o amor, pois a maior parte dos desentendimentos e facções nasce da falta de cuidado com as palavras
faladas. Quando o pé escorrega, a ferida pode ser curada; mas quando a língua escorrega, o ferimento causado no coração de alguém inflamará por toda a vida
. A língua está sujeita a quatro grandes erros; pronunciar falsidades, escandalizar, criticar os outros e falar excessivamente. Estes têm que ser evitados para que o indivíduo e a sociedade possam ter paz. Os laços de fraternidade serão estreitados se as pessoas falarem menos e mais docemente. É por isso que o silêncio era prescrito como um voto para os aspirantes espirituais pelas Escrituras Sagradas. Vocês são todos aspirantes em vários estágios do caminho e, assim, esta disciplina é valiosa para vocês também.

O Amor Deve Transformar Todos os Relacionamentos

O amor é o que os indivíduos e as nações precisam cultivar agora para o progresso. O Hindustão (atual Índia e Paquistão) tornou-se grande por conta da corrente de amor que fluiu sobre esta terra por séculos.

O amor precisa novamente transformar todos os relacionamentos: sociais, econômicos, educacionais, profissionais, familiares, religiosos, legais e outros. O pai deve amar o filho um pouco mais intensa e inteligentemente; a mãe deve distribuir amor a todos que venham a entrar no seu círculo de influência. A criança tem que amar os servos. O sentido de igualdade de que cada um é o repositório da Essência
Divina deve transmutar o comportamento social e individual.

O Desapego os Salva do Apego em Demasia

Vocês podem Me chamar de Personificação do Amor Divino! Vocês não estarão errados! O amor é a riqueza que Eu tenho e a qual distribuo entre os miseráveis e aflitos. Eu não tenho outras riquezas. A Graça do Senhor está sempre fluindo como a corrente elétrica no fio. Instalem uma lâmpada e liguem-na a uma corrente e a lâmpada iluminará seu lar na proporção da sua potência. A lâmpada é a disciplina
espiritual que vocês realizam; o lar é seu coração. Venham até Mim com alegria; mergulhem no mar e descubram sua profundeza; não há vantagem de mergulhar próximo à praia e jurar que o mar é raso e que não tem pérolas. Mergulhem fundo e vocês atingirão suas metas.

Lembrem-se, a espada do amor precisa ser guardada na bainha do discernimento. Os sentidos devem ser rigorosamente controlados pelo discernimento e desapego, os dois talentos gêmeos dados exclusivamente ao homem. O discernimento ensina-lhes como escolher suas diversões e seus companheiros. Ele lhes ensina a importância relativa dos objetos e ideais. O desapego salva-lhes de muito apego e instila um sentimento de alívio, em momentos de exaltação ou desespero. Estas são as duas asas que elevam a ave no ar. Elas sustentam diante de vocês a impermanência do mundo e a permanência da bem-aventurança da realidade, impulsionando-os a dirigirem suas vidas em direção à prática espiritual e a nunca falharem na contemplação da Glória do Senhor.

Publicação em Português: Palavras de Sathya Sai - Vol. 01 - Discurso 10 - 12/1999
Publicação Original: Sathya Sai Speaks - Vol. 01 - Discurso 10 - 12/1958